sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Solidão de si

Um amontoado de pessoas, de vidas, de humores, corações ansiosos para chegar ao outro lado, corações corriqueiros, só sabem seguir suas rotinas, monótonas e vazias. Corações vagos, como o daquela simples garota. As pessoas correm e pegam seus lugares na balsa, para irem sentadas, tentando dormir ou assistir um simples programa de TV, pessoas tentando esquecer a vida e os problemas, tentando escapar da realidade que te rodeia, te sufoca. A garota não, ela tem ânsia de resolver seus problemas, mas acima de tudo, de refletir sobre tais. Encosta-se à grade que te afasta do mar, ela tem vontade de pular, seria tão mais prático apertar o “game over” para que esse jogo da vida se acabasse logo. Porém, não é tão fácil assim, a realidade é muito mais dura do que se pode imaginar. Seus olhos castanhos escuros brilham e se enchem de lágrimas ao se deparar com aquele infinito azul, aquelas ondas te trazem vida, mas aquela vida te traz solidão. Uma solidão não de pessoas, mas de si, não que ela tenha tornado seu coração oco ou denso demais, apenas que ela tenha se esquecido do seu coração, não só dele, mas de toda vida e alegria que habitava nela. A jovem procurava a solução mais prática para aquilo tudo, tentava encontrar-se no labirinto que a mesma havia construído. Inclinou-se mais para frente, e jogou seu olhar para baixo, então se deparou com sua sombra, negra e vaga, como ela mesma poderia se descrever. Procurava se achar naquela sua sombra, porém nada encontrava, via-se perdida dentro de si.

O fim..

Mais um pouco daquele líquido ardente, em uma das mãos aquela garrafa de vidro que lhe fornecia coragem para seguir em frente com seus planos. Em outra das mãos um cigarro aceso. Tragou mais um cigarro, e aquela fumaça que antes seria tóxica para qualquer um, para ela agora não fazia mais efeito, havia tornado-se rotineiro e comum, aquela sensação de fogo por dentro, não trazia incomodo, e sim prazer. Era o final de toda trajetória mesmo, então a forma como o fim viesse era insignificante. Sentou-se no chão, gélido e branco, aquele banheiro a sua volta era comum, não lhe trazia lembranças tão marcantes, por esse mesmo motivo que o local foi escolhido, as lembranças que viriam, e as pessoas que surgiriam a sua memória a prenderia mais uma vez a essa vida, que de triste, deixou de ser bonita. Despedir-se das pessoas que tanto ama tiraria por completo a sua vontade do fim, destruiria seus planos e jogaria no lixo por completo a sua ânsia de acabar logo com isso. Ela era forte, porém não o bastante para continuar seguindo em frente. Acendeu seu último cigarro, e enquanto fumava, involuntariamente, lágrimas insistiam em cair, seus cabelos pretos já haviam perdido todo o brilho, e seus olhos castanhos repletos de lágrimas revelavam tristeza. Apagou o cigarro, e com a mão direita virou a garrafa, bebendo todo aquele líquido que descia queimando em seu interior. Pegou o revolver a sua frente, puxou o gatilho, e... O tão esperado e desejado fim, mal sabe ela que cometeu um grande erro, saiu da vida pra entrar na eternidade.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Romances diferentes.

Mais uma mulher, mais um homem, mais uma vida, um sorriso desperdiçado, um coração ferido e despedaçado. Resultado de uma mente imatura ou incapaz de amar o que lhe ama, de retribuir sentimentos e afeições. Um coração machucado de tanto amar errado, de priorizar quem não merece ser priorizado, de chorar por quem não merece suas lágrimas. Acontece, é só mais um romance que se equivocou, mais uma esperança que morreu cedo demais. Logo após um tempo, você percebe que algo mudou, como um papel amassado, um cristal quebrado, não volta ao normal, não volta a ser como era antes, algo está errado, ou certo demais, algo se contradiz. Porém você segue em frente, com suas cicatrizes que sempre deixam marcas, deixam acima de tudo o medo. Medo sim, de se envolver de novo, e cair novamente. Enfim, cada caso é um caso, e nem todos são correspondidos. São histórias diferentes, amores diferentes, mesmo que pareçam iguais.