sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A última rosa.


Após 9 meses de relacionamento, o nosso namoro estava esfriando, não é algo que eu gostaria que acontecesse, eu o amava tanto, e em momento nenhum eu poderia querer isso. Mas foi algo que foi acontecendo. As provas do colégio, as amizades, e depois de tanto tempo aos poucos estávamos nos afastando, sem perceber. Ao olhar para trás, que percebemos tais mudanças, as inúmeras ligações cotidianas, foram diminuindo, a ponto, que eu poderia ficar dias sem falar com ele. As visitas a minha casa todos os dias foram se tornando cada vez mais raras. Eu ainda era muito apegada a ele, o tempo me tornou dependente daquela presença masculina na minha vida. Após todos os acontecimentos, para mim, estava tudo normal, porém, creio que para ele, não, não estava tudo bem.

Marcamos então um encontro, na pracinha, perto da minha casa, e não muito longe da dele. Precisávamos conversar, sobre a vida, havia algum tempo já que não fazíamos isso. Eu só pensava em revê-lo, sentir aqueles lábios me tocarem mais uma vez, sentir aqueles braços me abraçarem de uma forma que eu sempre perdia o meu chão, eu precisava daquilo, ao menos mais uma vez. Na hora marcada, me arrumei e fui para o local combinado. Após uma curta caminhada, precedida de muita ansiedade, finalmente cheguei, e lá estava ele, lindo como sempre, com aquele cabelo liso, preto, jogado para o lado, uma combinação perfeita com o seu olho verde claro e a sua pele morena.

- Meu amor, quanto tempo... Parece que faz anos que não nos vemos. – Abracei-o com força.

- Realmente, é como se fossem anos. -Seus lábios quentes tocaram a minha testa.

Pude perceber com rapidez, ele estava estranho, talvez, só comigo. E a conversa prosseguiu... Uma conversa morna, sem muito interesse, assuntos do cotidiano. E então nenhuma demonstração real de afeto. Até que...

- Camila, não dá mais pra agüentar, eu vim aqui, pois precisamos conversar, vim para tratar de um assunto, tão difícil, que por muitas vezes me pego fugindo de ter que tocar nele. – A voz dele mudou de tom, não era mais aquele tom calmo, era como se ele estivesse nervoso, tenso com alguma coisa.

- Pode falar Henrique, eu quero saber o que é tão difícil para você, conte-me. Não me esconda, não fuja, você sabe que estou sempre aqui. – Falei, sendo forte, mas não bastava muito para perceber o meu medo lá no fundo.

- Bom... – Fez uma breve pausa, e então continuou. – Há algum tempo que o nosso relacionamento vem se esfriando, aos poucos fomos nos afastando cada vez mais.

- Sim, eu sei, e isso não ira mais acontecer, vamos voltar a ser o que era antes. – tive de interromper, eu já sabia onde aquela conversa iria dar, e era daquele fim que eu tinha tanto medo.

- Me ouça. – Falou, voltando ao seu tom de voz calmo. – Eu ainda a amo, e isso eu não posso negar, nem a você, nem a ninguém. Sendo que esse amor não é o bastante, não é o suficiente para continuarmos juntos.

- Mas o meu amor, junto com o seu, é o bastante, eu sei disso.

- Não meu amor, não é. Obrigada por todo o tempo que esteve ao meu lado, obrigada por todo esse amor, acredite, eu também te amei muito, só que não dá mais, eu não posso mais adiar o fim, preciso de um tempo, um tempo pra mim. – Com um ato repentino, ele esticou sua mão direita, puxou uma rosa, a mais bonita, das diversas flores que haviam ao nosso lado.

Lágrimas caiam dos meus olhos, era impossível contê-las, aquele era o fim. E como típico dele, carinhoso e romântico, me entregou aquela rosa, enxugou minhas lágrimas, levantou e saiu, eu não poderia prendê-lo aqui ao meu lado, deveria deixá-lo ir. E então abaixei minha cabeça, e encarei aquela rosa, que agora estava em minhas mãos, ele me deu aquela rosa, e eu sabia que seria a última.

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